bohrer familia

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Meu nome é Arno Bohrer Neto e eu iniciei este site;A Família Bohrer é originária da cidade alemã de Idar-Oberstein no Hunsruck e Birkenfeld, duas regiões geograficamente idênticas, situadas no quadrilátero formado pelos quatro rios: Reno, Mosela, Sarre e Nahe. Zona fronteiriça e sempre castigada pelas tantas guerras entre a França e a Alemanha e depois pelas guerras napoleônicas. Grupos revolucionários franceses invadiram a região no ano de 1794. Após a batalha de Lunéville, um general de Napoleão Bonaparte, tomou todas as terras à esquerda do Rio Reno para a França, o que fez com que a região passasse a chamar-se “Canton Birkenfeld au Arrodissement de la Sarre”, tendo Trier por capital.Quando Napoleão começou sua invasão em direção a Moscou, do seu exército de 500.000 homens cerca de 400.000 eram alemães da Liga dos Estados da Renânia (justamente onde fica o Hunsrück), da Espanha, Polônia, Itália e Áustria. Somente 100.000 eram realmente franceses. Da região da Renânia (atual Hunsrück) partiram 26.000 soldados, dos quais somente 6.000 voltaram para casa depois do desastre, quando os russos incendiaram Moscou, recuando com suas tropas e deixando Napoleão, ao relento e sem comida, no gelado inverno soviético. Do total apenas 30.000 soldados retornaram, esfarrapados e esfomeados, pela fronteira da Alemanha. Somente após a assinatura do Tratado de Paris, em 30 de maio de 1814, os franceses se retiraram definitivamente.Apenas após a tomada da região pelo Duque Peter Friedrich Ludwig von Oldenburg, em 16 de abril de 1817, a região passou a denominar- se Grão Ducado de Oldenburg – Principado de Birkenfeld, permanecendo com esse pomposo nome até 1937. Atualmente, Birkenfeld é a cidadesede da comunidade toda (“Kreisstadt”), onde se concentra a administração pública da região.Em Idar, os Bohrer eram uma família de lapidários, a arte de lapidar e engastar pedras. Em 1520 aparecem os primeiros relatos sobre a utilização de técnicas de lapidação de pedras preciosas. Wirin von Daun instalou o primeiro Schleifmühle (moinho de lapidação) é considerado o primeiro lapidário de Oberstein. Em 1668 a sucessão de Oberstein foi dada a uma linhagem feminina do Conde de Leiningen-Hidelsheim. Nesta época surgiram ao longo dos arroios da vizinha localidade de Idar vários moinhos de polimento de pedras preciosas. Outrora existiam cerca de 150 oficinas de polimento (Schleifen) e destas restou apenas a histórica Weiherschleife. Idar-Oberstein sempre foi o principal centro de lapidação na Alemanha, até que por volta de 1770 a indústria floresceu de tal forma que provoca a sua própria degeneração. Quando em Idar começou a faltar matéria prima, a indústria de lapidar pedras (semi-preciosas, principalmente ágatas) passou por uma enorme crise que levou João Frederico Bohrer e dois outros lapidários (João Carlos Veeck e João Jacob Purper) a emigrar para o Brasil. A VIAGEM DA EUROPA PARA O BRASIL, ATÉ A COLÔNIA ALEMà DE SÃO LEOPOLDOA longa viagem de Johann Friedrich Bohrer para o Brasil iniciou com a família completa, pai, mãe e os três filhos, mas, infelizmente, a esposa e mãe Ana Margarida Trein (Bohrer) faleceu a bordo do navio. Conforme página 577 do livro (2), a viagem transatlântica para o Brasil foi feita, provavelmente, no veleiro “Friedrich Heinrich”, que zarpou em 25/08/1825 do porto de Amsterdam/Holanda e chegou ao Rio de Janeiro/RJ em 08/11/1825, com 106 dias de viagem. O veleiro, capitaneado por Peter Zink, transportou 376 passageiros. O “Friedrich Heinrich” foi um dos dois barcos que zarparam com imigrantes a partir de Amsterdam/Holanda, sendo que, de 1824 a 1826, a grande maioria dos demais barcos com imigrantes haviam zarpado dos portos de Hamburgo e Bremen, na Alemanha. Conforme a página 62 do livro (6), ao contrário do habitual, onde os imigrantes eram contratados e não necessitavam pagar a viagem até o seu destino, os imigrantes do "Friedrich Heinrich" fizeram a viagem espontaneamente e pagaram pelo transporte. Conforme o autor, "representavam a flor da colonização alemã" e "O Imperador os acolheu benignamente, não só indo a bordo recebe-los pessoalmente, como cercando-os de todo o agasalho". No Rio de Janeiro os imigrantes ficaram alojados na Praia da Armação em armazéns abandonados, antes utilizados para industrializar o óleo das baleias,até o embarque para o destino final.  Curiosidade: No dia 02/12/1825, de manhã cedo, os navios ancorados no porto davam salvas de canhão, os sinos das igrejas badalavam e a população estava eufórica e soltava fogos em homenagem ao nascimento de D. Pedro II, o herdeiro do Trono Brasileiro.   No Rio de Janeiro, casa-se com Ana Maria Engers, seguindo então a Porto Alegre, viajem  feita no Bergantim "Carolina", um barco a vela, que transportou 288 passageiros (57 famílias mais 1 avulso). O “Carolina” deixou o porto do Rio de Janeiro em 15/12/1825 e chegou em Porto Alegre em 13/01/1826 (6), trazendo a maior leva de colonos imigrantes do ano de 1826. De Porto Alegre os imigrantes foram levados em lanchões toldados para a Colônia de São Leopoldo, margeada pelo rio dos Sinos, onde chegaram, no “Porto das Telhas” (próximo à Casa do Imigrante), em 15/01/1826. Assim, a viagem da família Bohrer, da Europa até a Colônia de São Leopoldo, no Brasil, durou 146 dias, sem considerar o tempo da viagem de Idar-Oberstein/Prússia a Amsterdam/Holanda.  O BERGANTIM “CAROLINA”: “UM BARCO NEGREIRO, RONDADO PELA FOME E PELA MORTE”  Os 29 dias de viagem do Rio de Janeiro a Porto Alegre, a bordo do barco “Carolina”, foi terrível, marcante para os imigrantes e merece maior divulgação aos seus descendentes, que hoje estão entre nós por eles terem conseguido sobreviver 29 dias à maldade do capitão do navio, cujo nome é desconhecido. Vamos transcrever, na íntegra, o texto que Carlos H. Hunsche escreveu sobre esta viagem no seu livro ”O Ano 1826 da Imigração e Colonização Alemã no Rio Grande do Sul” (2).  Início da transcrição. “Existe, no Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, um valiosíssimo documento, absolutamente virgem e redigido em alemão gótico, intitulado: “Unterthänigst gehorsamnte Beschwerde Von Seiten der Von Rio Janairo nach Porto Negre gehenden Colonisten” ou, “Submissa e mui obediente queixa de parte dos colonos em viagem do Rio de Janeiro a Porto Alegre”. "Mui louvável Governo Imperial: Extrema precisão nos obriga e faz indispensávelmente necessário comunicar um Alto Governo a situação miserável em que nos encontramos e a pedir socorro. Durante quinze dias estivemos atracados na Praia Grande perto do Rio de Janeiro, onde fomos alimentados à satisfação de todos. Depois fomos transferidos para o navio ‘Carolina’, onde nos encontramos atualmente e onde nos foram reduzidos sensivelmente os víveres. Inicialmente recebíamos um pouco de biscoito e ao meio dia feijão e arroz, mas apenas para saciarmo-nos deficientemente. De um dia para outro, fomos privados dos biscoitos e recebemos, em seu lugar, farinha de mandioca. Inicialmente não sabíamos o que fazer com ela; depois a gente começou a prepará-la em frigideiras. Mas tivemos que pagar por isso aos negros que trabalham na cozinha. Mas agora também a farinha escasseia, tanto que já não podemos aguentar mais. Antes de chegarmos a Rio Grande, o capitão costumava consolar-nos dizendo que tivéssemos paciência, ele, lá, compraria pão. Mas não cumpriu com nenhuma palavra, pois, quando chegamos ao porto de lá, o capitão foi para a vila ao lado do porto e, ao voltar, declarou que não havia pão. Depois de muito rogar, quatro pessoas obtiveram a licença de passar para lá, de noite, a fim de comprar pão com dinheiro próprio. O capitão ainda prometeu que, na manhã seguinte, outros quatro poderiam ir a terra. Apesar da notícia trazida pelos primeiros quatro de que haveria pão de sobra, isso não nos ajudava mais, pois o capitão, ao clarear o dia, deu ordens para partir. Os marinheiros haviam trazido um saco cheio de pão e algumas garrafas de aguardente, o que venderam aos colonos ao preço dobrado. Já faz três dias que partimos de Rio Grande e estamos a onze milhas de lá, conforme disse o capitão. Vemo-nos diante da nossa completa ruína por causa da viagem expressamente má, dos ventos desfavoráveis e pelo fato de ficarmos seguidamente atolados em bancos de areia. Dizem que o barco está abastecido de víveres para 5 a 6 dias somente e é bem provável que mesmo em quinze dias ainda não tenhamos chegado ao nosso destino. De manhã cedo, nossas crianças, as que ainda estão em vida, choram gritando de fome, pois, até agora, nenhuma vez foram saciadas satisfatoriamente. Muitas destas crianças e também pessoas idosas, por não estarem acostumadas a esta vida ruim e inusitada, já estão doentes e serão, em breve, jogadas à água. Francamente, não podemos imaginar que este tratamento de escravos seja da vontade de Sua Majestade, o Imperador, considerando o quanto lhe temos custado para chegar até aqui. Pedimos, pois, a esse Alto Governo que esta nossa situação de miséria seja modificada e esperamos confiantes que o nosso desejo seja cumprido, firmando-nos desse Alto Governo Imperial mui humildes e submissos colonos. A Bordo do Bergantim ‘Carolina’, a 4 de janeiro de 1826." Seguem quarenta assinaturas “em representação dos demais colonos” (“Im Auftrag sämtlicher Colonisten”).    Fim da transcrição da carta-queixa e início dos comentários do autor do livro (1). Ao ler esta carta-petição, duas coisas, profundamente, nos emocionam: a vileza do capitão e a ingenuidade dos colonos. A vileza chega a tal ponto que o capitão, calculando que pela eclosão da guerra cisplatina, subiriam os preços dos víveres em Porto Alegre, subtrai dos seus passageiros os comestíveis a eles reservados sem medir a mortandade que isso provocaria. Mais ainda: impede maliciosamente que os pais de família possam comprar, no porto de Rio Grande pão para seus filhos famintos, mentindo que lá não havia pão, quando, pouco depois, os seus marinheiros voltam da vila trazendo “um saco cheio de pão e algumas garrafas de aguardente”, que vendem a preço dobrado. São comovedoras as palavras que formula o simples e ignorado autor da carta: “De manhã cedo, nossas crianças, as que ainda estão em vida, choram gritando...”. Esta vileza do capitão é contrastada pela ingenuidade dos 40 pais de família que assinam uma queixa a um “mui louvável Governo Imperial”, não se dando conta do ilógico desse procedimento, velejando em águas desconhecidas, entregues a um capitão irresponsável. Que interessará a este uma ponderação justa como esta: “Francamente não podemos imaginar que este tratamento de escravos seja da vontade de Sua Majestade, o Imperador, considerando o quanto que lhe temos custado até chegar até aqui. ” Este veleiro entrará na história como um barco negreiro, rondado pela fome e pela morte. Fim da transcrição dos comentários do autor do livro. Durante a viagem, do Rio de Janeiro a Porto Alegre, faleceram a bordo do “Carolina” 20 pessoas, principalmente crianças em tenra idade, mas também pessoas idosas. O livro apresenta a lista dos quarenta signatários da queixa e apresenta as assinaturas dos mesmos e, assim, reproduzimos abaixo, para os descentes do imigrante Johann Friedrich Bohrer a sua assinatura, feita em 04/01/1826, quase 200 anos atrás. 

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